sexta-feira, 19 de março de 2010

A realidade da sala de aula

Na última carteira da fila próxima à porta estava um aluno cansado, com muito tédio. Em sua cabeça não havia nada mais do que pensar em chegar em casa e dormir. Não estava prestando atenção na aula mas parou para refletir o que o professor perguntou distraidamente:
- Vocês já sabem que profissão irão exercer?
E o que ele seria? No último ano do ensino médio não saber o que queria ser era estranho, e impossível até.
O garoto olhou para o lado esquerdo e viu duas de suas colegas conversando - não este assunto - e pensou o que elas seriam. Talvez atrizes, por interprearem concentração, ou modelos por cuidarem de si todo segundo. O colega da frente seria desenhista, cartunista. Os coladores, detetives, e os nerds, Ainsteins. E os tagarelas, então?
Paulo, assim chamava o garoto, desde o primário esudava naquele colégio e nunca pensou em mudar de escola. Ele estava bem ali, e não sabia se conseguiria ter o mesmo resultado de amigos de agora, temia ser excluído, ser rejeitado.
E assim, lembrando dos amigos, olhou rapidamente para André, Guilherme e Lorena e observou como eram tão felizes juntos.
Paulo bocejou e resolveu voltar a distrair-se com outras coisas e pensar em dormir. Olhando despreocupadamente a parede ao seu lado, começou a perceber o ambiente em que estava: a sala de aula.
Todas são iguais: paredes brancas, quadro negro, um cruscifixo acima do quadro - é um colégio católico -, carteiras do mesmo tamanho uma da outra - exceto as de canhoto -, um quadro para o mural da turma no fundo da sala e um ventilador que "refresque" o calor, pois a cidade é muito quente.
Devido ao reflexo no quadro, as cortinas são fechadas impedindo os alunos a ficarem confotáveis na sala com tanto calor.
No teto há duas fileiras de lâmpadas, sendo que uma está sem funcionar. A parede parece ser áspera vista por cima, enquanto a que estava do lado de Paulo, era pefeitamente lisa e pintada de branco, mas alguns alunos rebeldes pareciam não gostar daquela cor-giz e escreviam na parede sem dó, nem piedade.
Os papéis de bala jogados no chão eram inúmeros, sem contar com restos de recortes da aula anterior.
De repente Paulo sentiu uma folha amassada tocar sua nuca e percebeu que aquilo era um bilhete, que estava escrito:
Nós vamos tomar sorvete depois da aula?
Fora Lorena, então repondeu:
Mas é claro!
Mesmo sabendo que havia dever o bastante para cubrir a tarde toda.
Bateu o sinal, e os alunos, apressados, praticamente já estavam fora da sala. O professor se despediu de poucos e se foi.
Esta é a realidade da sala de aula!

Isabella Revert

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