segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Sobre essa história de beleza...

De acordo com o óbvio, uma coisa tem que ser bela para você achar que ela tem beleza e vice-versa.
Mas afinal, o que é beleza?

Durante toda a minha infância, eu achei que beleza era ser a Bárbie. Porque a Bárbie é perfeita! Sempre tem as melhores roupas, sempre foi magrinha, loira, com uma imagem de defensora dos animais e das outras pessoas, sempre sendo a garota com quem todos os garotos sonham.
Eu sempre quis "ser" a Bárbie.
O pior era que, com essa imagem de beleza, eu me via uma pessoa feia, bem feia. Era gordinha, com roupas simples, cabelo super-cacheado e castanho escuro... Ta, eu sempre defendi e respeitei as outras vidas - pessoas, animais e plantas -, mas parecia que isso não era o suficiente.
Essa questão de ser bonita, pra mim, chegou ao ponto de, quando vi uma estrela cadente num de meus dias sentada olhando para a noite, eu ter feito o seguinte pedido: "Por favor, por favor, que eu tenha olhos azuis".
Eu achava o castanho de meus olhos muito sem graça, muito normal. Sempre preferi a Lindinha de As Meninas Super Poderosas, a Clover de As Três Espiãs Demais, entre outras...
Só depois de muito tempo, eu me apaixonei por meus olhos como eles são.
Mas eu continuei com o pensamento de que, meninas-Bárbie sempre seriam as melhores do mundo.
Eu mesma me menosprezava vendo as outras meninas de cabelo liso e magras, e eu ali, com cachos e acima do peso.
Eu via que elas falavam de mim...
A situação só foi piorando com o passar do tempo. A adolescência e sua essência de cravos e espinhas me deixou ainda mais pra baixo.
Mas eu fui levando a vida com isso... Eu ia fazer o quê?

E taí... Esse era o pensamento certo.
Eu comecei a não importar com o que elas falavam. Teve uma vez que uma menina disse: "Por que você não emagrece? Ia ficar tão bonita..." (primeiro: como que uma pessoa faz esse tipo de pergunta para a outra pessoa? Pessoa doida...), e eu disse que não tava nem aí com o jeito que eu estava... Que vivendo já está de bom tamanho!

E eu me vi numa situação de beleza interior explodindo de meu ser, modesta parte. Porque viver é não se preocupar e não se preocupar é a forma mais bonita de viver. (Foi massa isso aí).
A partir daí, pessoas bonitas ou feias não existiam mais pra mim, só pessoas. A única parte bonita ou feia que poderia diferenciar uma pessoa da outra, seria a "beleza interior".

É tanto que numa das aulas de história desse ano, o professor perguntou: "Quem acha que tem o cabelo bonito aqui?" , ninguém quis responder. Aí eu levantei a mão e ele: "Você tem o cabelo bonito?" e eu pensei: "É preciso achar que ele é bonito pra ser..."
Eu não respondi isso alto, mas valeu meu pensamento.

Resumindo a questão bela: você é dono de você, logo, você tem o poder de se declarar bonito ou feio.
Ninguém tem o direito de dizer isso pra você, você é que se autodeclara.
O que você acha é o que é.
Quando eu me achava feia, eu era feia, porque eu acreditava nisso.

No momento, meu cabelo é lindo (embora me odeie), meu corpo é normal, meus olhos são perfeitos e meu eu/cidadã é muito consciente.
Claro que eu não saio por aí falando isso... Deixa baixo... Não me achar demais também é qualidade.

E a Bárbie? Ah...
A Bárbie nem existe.

Isabella Revert

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